quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um Grande Homem (Arnaldo Jabor)

Recebi este texto de uma amiga e resolvi compartilhar!

bj



Nós homens nos caracterizamos por ser o sexo forte, embora muitas vezes caiamos por debilidade.

Um dia, minha irmã chorava em sua casa... Com muita saudade, observei que meu pai chegou perto dela e perguntou o motivo de sua tristeza.

Escutei-os conversando por horas, mas houve uma frase tão especial que meu pai disse naquela tarde, que até o dia de hoje ainda me recordo a cada manhã e que me enche de força.

Meu pai acariciou o rosto dela e disse: “Minha filha, apaixone-se por Um Grande Homem e nunca mais voltará a chorar".

Perguntei-me tantas vezes, qual era a fórmula exata para chegar a ser esse grande homem e não deixar-me vencer pelas coisas pequenas...

Com o passar dos anos, descobri que se tão somente todos nós homens lutássemos por ser grandes de espírito, grandes de alma e grandes de coração, O mundo seria completamente diferente!

Aprendi que um Grande Homem... Não é aquele que compra tudo o que deseja, porque muitos de nós compramos com presentes a afeição e o respeito daqueles que nos cercam.

Meu pai lhe dizia:

"Não se apaixone por um homem que só fale de si mesmo, de seus problemas, sem preocupar-se com você... Enamore-se de um homem que se interesse por você, que conheça suas forças, suas ilusões, suas tristezas e que a ajude a superá-las.

Não creia nas palavras de um homem quando seus atos dizem o oposto.

Afaste de sua vida um homem que não constrói com você um mundo melhor. Ele jamais sairá do seu lado, pois você é a sua fonte de energia...

Foge de um homem enfermo espiritual e emocionalmente, é como um câncer matará tudo o que há em você (emocional, mental, física, social e economicamente)

"Não dê atenção a um homem que não seja capaz de expressar seus sentimentos, que não queira lhe dar amor."

Não se agarre a um homem que não seja capaz de reconhecer sua beleza interior e exterior e suas qualidades morais.

Não deixe entrar em sua vida um homem a quem tenha que adivinhar o que quer, porque não é capaz de se expressar abertamente.

Não se enamore de um homem que ao conhecê-lo, sua vida tenha se transformado em um problema a resolver e não em algo para desfrutar”.

Não se apaixone por um homem que demonstre frieza, insensibilidade, falta de atenção com você, corra léguas dele.

Não creia em um homem que tenha carências afetivas de infância e que trata de preenchê-las com a infidelidade, culpando-a, quando o problema não está em você, e sim nele, porque não sabe o que quer da vida, nem quais são suas prioridades.

Por que querer um homem que a abandonará se você não for como ele pretendia, ou se já não é mais útil?

Por que querer um homem que a trocará por um cabelo ou uma cor de pele diferente, ou por uns olhos claros, ou por um corpo mais esbelto?

Por que querer um homem que não saiba admirar a beleza que há em você, a verdadeira beleza… a do coração?

Quantas vezes me deixei levar pela superficialidade das coisas, deixando de lado aqueles que realmente me ofereciam sua sinceridade e integridade e dando mais importância a quem não valorizava meu esforço?

Custou-me muito compreender que GRANDE HOMEM não é aquele que chega no topo, nem o que tem mais dinheiro, casa, automóvel, nem quem vive rodeado de mulheres, nem muito menos o mais bonito.

Um grande homem é aquele ser humano transparente, que não se refugia atrás de cortinas de fumaça, é o que abre seu CORAÇÃO sem rejeitar a realidade, é quem admira uma mulher por seus alicerces morais e grandeza interior.

Um grande homem é o que cai e tem suficiente força para levantar-se e seguir lutando...

Hoje minha irmã está casada e feliz, e esse Grande Homem com quem se casou, não era nem o mais popular, nem o mais solicitado pelas mulheres, nem o mais rico ou o mais bonito.

Esse Grande Homem é simplesmente aquele que nunca a fez chorar… É QUEM NO LUGAR DE LÁGRIMAS LHE ROUBOU SORRISOS…

Sorrisos por tudo que viveram e conquistaram juntos, pelos triunfos alcançados, por suas lindas recordações e por aquelas tristes lembranças que souberam superar, por cada alegria que repartem e pelos 3 filhos que preenchem suas vidas.

Esse Grande Homem ama tanto a minha irmã que daria o que fosse por ela sem pedir nada em troca...

Esse Grande Homem a quer pelo que ela é, por seu coração e pelo que são quando estão juntos.

Aprendamos a ser um desses Grandes Homens, para vivenciar os anos junto de uma Grande Mulher e NADA NEM NINGUÉM NOS PODERÁ VENCER!

Envio esta mensagem aos meus AMIGOS "HOMENS", para que lhes toque o coração e tratem de fazer crescer esse GRANDE homem que vive dentro deles.

E às minhas amigas "mulheres" para que SAIBAM ESCOLHER ESSE GRANDE HOMEM QUE DEUS TEM PARA ELAS.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Era Natal e como a grande maioria, festejara com sua família.
O almoço fora seu maior presente este ano. Todos os entes estavam presentes em torno da mesma mesa e isso a emocionara. Cada qual com sua dificuldade, mas dera certo e lhe fora inaugural gostar daquela cena.
A criança despertara o amor e a cumplicidade daquelas pessoas. Todas tiveram motivos para compartilhar seu natal e ela sorriu porque sua criança também ficara feliz. E grata.

Aprendera que o amor realmente existia e que este a acompanhava aonde quer que ela estivesse.
Aprendera a cozinhar o cuscuz como quem anda de bicicleta.
Descobrira que seu futuro dependia apenas do seu melhor pensamento e que a estratégia melhor era pensar coisas boas para o próximo ano; poderia fazer unhas, maquiagem ou sapatos; desde que fizesse munida de sua tão conhecida paixão, estaria satisfeita.

Esquecera-se completamente de perguntar sobre a macumbaria, mas não se intimidara, pois haveria outro momento para esse assunto, além disso, a data cristã não comportava assuntos pagãos, apesar de conversar com andarilhos do Caminho, aspirantes a bruxos.
Levou a saudade no coração, mais uma vez. E não à toa sonhou naquela mesma noite.
Lembrara da mulher que afirmou ser momento de se preocupar mais com o espírito e menos com o planejamento profissional.

Agradecera novamente a presença de seus amigos.
Se eles soubessem o quanto lhes eram importantes... Assim ela falou.
Desejou amor, e propósito a cada um deles.
Voltou para casa e começou a preparar o cardápio da próxima ceia.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Empurrava o carrinho por entre os pêssegos, foi quando sua voz confirmou ser ele mesmo, e seu peito se encheu de alegria.
E saudade.
Se abraçaram, como sempre faziam. Ele a reconheceu.
Reconheceu sua alegria e parte de sua loucura.
Passaram horas nos próximos 5 minutos, entre o melão e o pêssego, onde coube toda uma vida.
Aprendeu a fazer um linguado gastronômico e correu em busca das tais alcaparras.

Ela se levantou com a sutileza de quem pretendia guardar aqueles últimos pensamentos.
Sentiu a necessidade de manter viva cada lembrança, pois eram boas.
Por que é que era sempre interrompida por algo quando ela chegava na essência?
Não pretendia provar a existência do amor e sentia compaixão pelos momentos em que desejou não mais amar.

Abriu um sorriso gigante que a fez rodopiar na fazenda, sentindo seu turbante se desenrolar.

Adorava sentir sua alma se expandir, sem criar raízes.

Estourou o prosseco e brindou a felicidade.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

E num momento de ociosidade completa descobriu que era justamente por ele ser comum que o tornava tão raro.
O copo americano sobre a mesa.
As havaianas.
A camiseta discreta. Aros impercptíveis.
Mente aguçada. Provocativa. Desejante.

Acordou trêmula.

Eram muitas ruínas desconhecidas para desbravar.
A cúpula dourada ainda reluzia em suas memórias.
A cidade toda branca e terracota.
Fez o sinal da cruz e lentamente se pôs a rezar em hebraico.
Ela era a vela que aos poucos derretia, era o próprio Cristo crucificado.
Estava norteada pra Meca.
Pela Marca na pele que não expunha nenhuma tatuagem, nenhum ideograma.

A tela pousava em branco na sua frente.
Inócua. Vazia. Calada.
Não conseguia ler a palavra que traduzia o texto, e ainda assim reconheceu o Deus em aramaico.
Produzia imagens em sua mente e irritou-se por não poder fotografá-las.
Descrever não bastou.

Decobriu que o maior segredo era aquele que gostaria de compartilhar embora não conseguisse expressar.
Sabia que não existia palavra para nomear aquele buraco (lacuna).
Lembrou do professor de geometria do colégio e também do de química quântica.
Pensou nos números irracionais, e se sentiu como um elemento fora da tabela periódica.

Qualquer lugar do mundo seria bem vindo se pudesse extornar a última operação.
Conquanto pudesse começar do zero.

Quando o alarme soou, já se encontrava bem desperta.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ela saiu de lá como um meteoro após se chocar com o planeta.
Não havia equação nenhuma em todo o mundo que resolvesse sua particular partida de varetas.
Escolheu remover o palito da dor quando não por acaso descobriu que ele sustentava várias outras emoções.
Não conseguiu evitar as lágrimas que pingavam de seus olhos.
Havia tempo que descobrira que palavras não eram simples palavras, mas carregavam poder de significados, quase sempre metafóricos.
Passou um novo perfume como se ele ao bezuntá-la lhe faxinasse a alma.
Abriu a torneira e imediatamente o chuveiro quente passou a chorar com ela.
A água a acalmou e em poucos minutos foi capaz de pedir uma  pizza.
Em seguida, abriu o livro de geometria na página marcada e prosseguiu sua leitura...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Abriu o jornal de hoje e seu olhar corria rapidamente à procura da astrologia.
Deveria haver alguma movimentação nas constelações para responder às agitações das últimas 24h.
Sentia uma revolução em sua vida. Em vários aspectos.
De repente, sentia necessidade de trocar de pele, ainda que sendo quem ela era.
Metamorfose.
Se colocou prazo para a maior mudança, e de repente compreendeu que em absoluto não tinah controle sobre as decisões.
Queria mudar de área, de ares, de rua... e em breve teria a sua resposta.

terça-feira, 14 de setembro de 2010


A cidade a carregou por toda parte, com pulsação vibrante e desconhecida.
Sentiu vontade de ser rosa, azul ou verde... Ficou tudo colorido.
Sentiu a educação do povo e a contradição entre a manutenção das tradições seculares e uma ultra-moderna jovialidade.
Foi inserida num ritmo alucinante. E amou!!!
Amou a lateralidade invertida, os taxis totalmente automatizados com a mesma aparência do século passado.
Transporte público que funciona.
Pontualidade.
Seu um centavo de troco que não veio em bala...
O tilintar dos copos nos pubs.
Os prédios vermelhos, brancos, verdes.
A comida saborosa (não esperava ter lá comidas saborosas).
Faltou tempo e sobrou saudades.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Precisou rasgar as grades que a mantinham numa prisão de papel, pois o que a barrava era nada mais que puro imaginário.
Fez seu roteiro. Sempre amara Paris.
Voltaria para casa em breve, cochilaria entre estranhos.
Mudaria seu cheiro.
Trocaria o corte de cabelo.
Talvez mudasse também a cor.
Descobriu já ter estado naquele café um dia.
Em meio aos ratos, era feliz comendo o mais maravilhoso dos maravilhosos creme brullé.
Realmente a felicidade a perseguia.

terça-feira, 24 de agosto de 2010


Recebi esse selinho da Gizelda, do blog http://www.gizelda-desassossego.blogspot.com/!
Adorei!

Regras:

a-) Postar o selo.

b-) Dizer 9 coisas sobre mim.

1) Adoro cozinhar, se for para amigos então, adoro mais ainda... embora tenha feito isso pouco ultimamente...

2) Me interesso por Moda, Artes, Design, Decoração, Psicanálise, Astronomia e Temas Místicos.

3) Gosto de ler. Livros de Vampiro, Freud/Lacan, Bula de remédio, Revistas de Fofoca, de Decoração, Biografias, livros históricos.

4) Minha salada predileta é o carpaccio do America. Prato principal é stroggonoff e sobremesa é creme brullé. Coinscidentemente são os pratos que melhor sei fazer... rs

5) Gosto da vida a dois, sou romântica e me emociono com certa facilidade.

6) No cinema, prefiro suspense às comédias românticas. Os melhores filmes que vi esse ano foram, nessa ordem: " A PARTIDA" de Yojito Takita, " O SEGREDO DE SEUS OLHOS" de Juan José Campanella.

7) Sou extremamente ansiosa, e escrever alivia um tanto isso.

8) Tenho um lado mega Amelia: além de cozinhar, gosto de costurar, desenhar, bordar, arrumar a casa, decorar... rs

9) ADORO DIRIGIR...




c-) Indicar 9 blogs.
Essa é a parte mais difícil... rs

1) CASA COISAS & TAL - http://www.home-boxer.blogspot.com/
2) NATALIE WOOD IS NOT DEAD - http://www.nataliewoodisnotdead.blogspot.com/
3) PROSADORA - http://www.prosadora.blogspot.com/
4) TRUQUES DE MAQUIAGEM - http://www.truquesdemaquiagem.com.br/
5) CONEXÃO PARIS - http://www.conexaoparis.com.br/
6) HOJE VOU ASSIM - http://www.hojevouassim.com.br/
7) 13 ANOS DEPOIS - http://www.13anosdepois.blogspot.com/
8) FASHION GAZZETE - www.fashiongazette.com.br/blog/
9) DRE MAGALHÃES - http://www.dremagalhaes.wordpress.com/


Bjs e obrigada de novo pelo selo, Gizelda!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Deve ser tendência ver sobre as borboletas, encarar o nome próprio e ter orgulho dele.
Deve ser só coinscidência ouvir sempre os mesmos compassos de Piazzola na cabeça, trilha musical de minha dieta, o copo cheio d´água e a vida cheia de novas expectativas.
Deve ser amor, que bate lá dentro do peito, que faz sentir alegria na alegria do outro, que me faz andar pra frente.
Deve ser lagarta virando libélula esse desejo de se auto desenvolver...

sábado, 10 de julho de 2010

Frase da semana

Não é possível fazer omeletes sem se quebrar os ovos, Vanessa!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Curau de milho


Ingredientes:

1 litro de leite

12 espigas de milho verde

1 xícara de açúcar refinado

Canela em pó


Preparo:

Corte o milho com uma faca e bata no liquidificador com o leite ou rale e coe espremendo bem.
Adoce (1 xícara de açúcar aproximadamente) e leve ao fogo mexendo sem parar ate sentir gosto de cozido.
Coloque uma travessa e polvilhe canela em pó.
Ao invés de povilhar canela em pó, eu francesamente, polvilho açúcar e passo o malarico para "brulllar"... rs
Ela tinha uma espécie de auto-controle capaz de causar inveja nos piores torturadores.
Mas esse mesmo controle a corroía, pois descobrira que apenas o guardava para si.
Estava num tempo em que estava totalmente desmotivada profissionalmente.
Carecia de férias para não pedir demissão.
Precisava pausar parte de sua existência por alguns dias (francamente, alguns não, vários... rs)
Precisava do tempo necessário para ouvir seu coração bater, sua alma relaxar.
Pensou nas suas últimas férias, e não se lembrou de quando foi.
Foi quando se pôs a chorar. Nunca fora o tipo de gente que vende a alma ao diabo.
Gostava de ter como filosofia o hedonismo.
Tadavia não tivesse preguiça para trabalhar...
Apenas em momentos como esse!
Em casos como este, sua temporária solução era o de montar roteiros de viagens extraordinárias, para o dia que pudesse se dar pausa.
Seu próximo desejo era Istambul, e descobriu que não havia um só lugar em todo o planeta onde não pudesse aterrisar sua imaginação.
Sentiu o cheiro de canela com curry. Pensou no falafel e na coalhada seca. Nas tâmaras e no orégano.
Pensou no homem sentado no sofá e na despedida de sábado à noite.
Pegou um próximo vôo e tentaria relaxar.
Com a criança sorridente que tanto enchia seu coração de algo que já desistira de tentar explicar.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Foi quando o amor explodiu em seu peito que ela conseguiu perceber o quanto o amava.
Não precisava mais se esconder disso.
Não havia nada que pudesse detê-la e em suas entranhas havia mais do que bem querer...
Abriu uma lata de coca zero (meu Deus, por que Diabos mudaram a fórmula da light???), tomou um trago, como se fosse o scoth de antes, porém agora estava embriagada de sentimentos.
Deitou no sofá e ainda não conseguia responder às perguntas do homem.
Não conseguia descobrir porque aquela relação fora fundada na mágoa, mas teria tempo de averiguar isso mais tarde.
Sim, teria tempo mais tarde, apesar de que poucos sabiam que ela já empurrara esse assunto por 30 anos.
Leu receitas e escolheu o jantar de hoje à noite, com a convicção de que a simplicidade de seu dia-a-dia garantia que suas altas aspirações intelectuais se acalmassem.
Pelo menos o jantar estaria sob seu controle.
Suas refeições nem sempre eram premeditadas e isso não lhe trazia paz.
Repetiu mentalmente as notas do ballet... ensaiou alguns passos e sorriu, pois lembrou-se da primeira vez que vestira as sapatilhas.
Guardou o caderno de anotações e voltou ao trabalho.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O espelho repetia o sorriso dela, assim como a alegria da sua alma.
Nada anulou sua capacidade de amar.
Era como poucas... e seguia sempre sorrindo.
Fez as malas e partiu, com a criança num braço e a felicidade no outro.
Correu o mundo e percebeu que seu lugar era reservado em qualquer canto.
Trazia seu lar dentro do peito e lidava com dragões com a mesma calma e determinação que cortava cebolas.
Sentiu compaixão em cada olhar.
Sentiu falta de seu amigo, e novamente tentou lhe falar.
Nada.
Talvez ele tivesse razão, não seria mais recebida como ansiava.
O tempo pode ter varrido o carinho, a irmandade, a cumplicidade.
Que droga! Seu olho saltou novamente... e percebeu o olhar vizinho assistindo à seus pensamentos.
Olhou para o relógio, já era hora.
Disse adeus e partiu.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Porque se passaram trinta anos, e somente após longos trilhos foi capaz de perceber o quanto estava empenhada em construir seu Nome próprio.
Demorou três décadas para se identificar aos seus gostos, aos seus modos.
Construir um estilo que lhe é próprio.
Seus valores foram edificados em pedra sólida.
E continuava acreditando neles, todavia agora era diferente.
Não se pautava em moral e ética, pois percebeu o quanto estas estavam calcadas em seu instintos.
E voou como borboleta... A espécie rara que a nomeava.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Acordou num sobressalto e a cena da cabeça batendo no asfalto como ovo cru tilintava em sua cabeça.
Sentiu ódio novamente pela amiga que perdera por traição.
Desta vez, não da amiga, da traição.
Chorou pelos pais de sua amiga, pela mãe de tão boa alma que outrora não negara à pequena menina sua real identidade. Nunca se esqueceria desta lição de vida.
E choveu. Choveu forte.
As ruas se alagaram na hora em que iriam partir...
E atravessaram as poças altas como crianças brincando na piscina do clube.
E se beijaram. Era desta vez um beijo apaixonado de despedida, embora partissem juntos...
Ela olhou para ele e sentiu amor.
E depois da chuva, chorou e correu ao ver o corpo estendido sobre o asfalto.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Então, hoje fora marcada pela presença.
Ainda que na distância física, ela chamou seu nome e pareceu ouvir algo mais do que ecos.
Se deu conta que tudo o que sentia era apenas afeto esparramado no vazio.
Percebeu que por mais importante que fosse, existiria sempre algo a mais.
(Procurou esse conceito do a Mais, e o que encontrou em Lacan, só a confundiu mais ainda).
Se o que sentira fora sacanagem ou afeto, o tempo haverá de confirmar depois.
Esses espasmos sempre se deram après cours, em noites mal-dormidas, o seriado martelando suas entranhas, a imagem do Pai presente em cada cena.
As cortinas desceram, o palco ficou vazio, e só então fora capaz de perceber que a pior solidão que poderia sentir seria a da própria companhia.
Isso lhe deu força. Se amava como poucos. Não de um amor arrogante, pedante ou auto-idolatra.
Pois reconhecia quem era e o que desejava.
Se amava de uma forma mais sobrevivente. Encorajadora. Digna.
Descobrira que ter seu valor era algo conquistado, que não poderá ser arrancado junto com a máscara.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A Bailarina - Cecilia Meireles

Esta menina tão pequenina
quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

in Ou isto ou aquilo, Ed. Nova Fronteira

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Alma Imoral


Há pouco que gratifique mais do que o tocar da alma pela arte.
A Alma imoral, texto de Nilton Bonder, adaptado e encenado por Clarice Niskier gratifica pela forma.
Pelo conteúdo, pela interpretação sem dramatização.
Pela coragem de expor a alma na epiderme...
Vestindo seu corpo da nudez da imoralidade.
Imoralidade absoluta.
Sem clichês baratos, frases prontas, falsos testemunhos.
Só a alma ex-posta.
Sem uso do autor para justificar atos próprios.
Indubitavelmente,
Na imoralidade há um código.


No Teatro Augusta, sextas, sábados e domingos.
http://www.teatroaugusta.com.br/

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Aquilo que não mata, fortalece.

Inteligência, beleza, magreza...
Predicados parciais que dependem dos olhos de quem vê.
Futilidade é julgamento, e isto, pra mim, não serve!
Confrontos podem ser encarados como obstáculos.
Alguns pulam, outros contornam, há quem volte e quem fica aflito.
Depende do condicionamento do gladiador em questão.
De todo modo, há confrontos que fortalecem ou enfraquecem, assim como o mesmo vento que alimenta uma fogueira, apaga uma vela.
E se o olhar de fora vê como um contentar-se com pouco,
melhor continuar no afastamento mesmo.

terça-feira, 27 de abril de 2010

AMIZADE VERDADEIRA





Pítias, condenado à morte pelo tirano Dionísio, passava na prisão os seus últimos dias.

Dizia não temer a morte, mas como explicar que seus olhos se enchessem de lágrimas

ao ver o caminho que se abria diante das grades da prisão? Sim, era a dura lembrança dos velhos pais! Era ele o arrimo e o consolo deles. Não mais suportando,

um dia Pítias disse ao tirano: - Permita-me ir à casa abraçar meus pais e resolver

meus negócios. Estarei de volta em quatro dias, sem acrescentar nem uma hora a mais.

- Como posso acreditar na sua promessa? Os caminhos são desertos.

O que você quer mesmo é fugir - respondeu Dionísio, irônica e zombeteiramente.

- Senhor, é preciso que eu vá. Meus pais estão velhinhos e só contam comigo para

se defenderem - insistiu Pítias com o olhar nublado de lágrimas.

Vendo que o tirano se mantinha irredutível, Damon, jovem e amigo de Pítias,

interveio propondo:

- Conceda a licença que meu amigo pede; conheço seus pais e sei que carecem

da ajuda do filho. Deixe-o partir e garanto sua volta dentro dos dias previstos,

sem faltar uma hora, para lhe entregar a cabeça.

A resposta foi um não categórico. Compreendendo o sofrimento do amigo,

Damon propôs ficar na prisão em lugar de Pítias e morreria no lugar dele se

necessário fosse. O tirano, surpreendido, aceitou a proposta e depois de um

prolongado abraço no amigo, Pítias partiu.

O dia marcado para sua execução amanheceu ensolarado. As horas passavam

céleres e a guarda já se mostrava inquieta. Entretanto, Damon procurava restabelecer

a calma, garantindo que o amigo chegaria em tempo. Finalmente chegara a hora da execução. Os guardas tiraram os grilhões dos pés de Damon e

o conduziram à praça, onde a multidão acompanhava em silêncio a cada um dos

seus passos. Subiu, então, ao cadafalso.

Uma estranha agitação levou a multidão a prorromper em gritos.

Era Pítias que chegava exausto e quase sem fôlego.

Porém, rompendo a multidão, galgou os degraus do cadafalso, onde,

abraçando o amigo, entregou-se ao carrasco sem o menor pavor.

Os soluços da multidão comovida chegaram aos ouvidos do tirano.

Este, pondo-se de pé em sua tribuna, para melhor se convencer da cena que

acabava de acontecer na praça, levantou as mãos e bradou com firmeza:

- Parem imediatamente com a execução! Esses dois jovens são dignos do amor dos homens de bem, porque sabem o quanto custa a palavra. Eles provaram saber o

quanto vale a honra e o bom nome! Descendo imediatamente daquela

tribuna, dirigiu-se a Pítias e a Damon. Dionísio estava perplexo e os abraçando comovidamente, lhes falou: - Eu daria tudo para ter amigos como vocês!



Fabulas - Parte 1

O Sapo e o Escorpião




Certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo que estava na beira de um rio.



O escorpião vinha fazer um pedido:

"Sapinho, você poderia me carregar até a outra margem deste rio tão largo?"



O sapo respondeu: "Só se eu fosse tolo! Você vai me picar, eu vou ficar paralisado e vou afundar."



Disse o escorpião: "Isso é ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaríamos."



Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio.

No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo.



Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o escorpião e perguntou: "Por quê? Por quê?"



E o escorpião respondeu: "Por que sou um escorpião e essa é a minha natureza."



Uma parábola africana "Capturado" na Página do Sábio www.geocities.com/~esabio/

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sobre amigos

..."Escolho meus amigos não pela pele, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.


A mim não interessam os bons de espírito, nem os maus de hábitos, fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Quero que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco.

Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.

Não quero só ombro ou colo, quero sua maior alegria, amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.Tenho amigos para saber quem eu sou.

Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei que 'normalidade' é uma ilusão imbecil e estéril.... "

Oscar Wilde

segunda-feira, 5 de abril de 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010

terça-feira, 16 de março de 2010

Seria uma mulher mais fria e distante, não fosse o cheiro que encontrou dentro do armário.
Prendeu todo o ar que coube em seus pulmões, como se assim pudesse permanecer dentro dela.
Havia um medo profundo que lhe escapasse essa paixão, essas lembranças...
Percebeu que precisaria lutar muito para deixar para trás.
E ressentiu por não conseguir amar o próximo.
Percebeu uma emoção na voz do amigo que lhe emocionou.
E sentiu muita saudade. Muita falta. E medo.
E sentiu na alma o sabor das comidas que costumava fazer.
Com o peito estupefato de lembranças doces, a mente carregada de fortes emoções,
abriu a porta, e passou por ela altiva.
Segura e amada.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Minha Lista de Filmes

1) O Fabuloso Destino de Amelie Poulin - Jean Pierre Jeunet
2) Bonequinha de Luxo - Blake Edwards
3) Coco Antes de Chanel - Anne Fontaine
4) Grey Gardens - Ellen Hovde e Albert Maysles
5) Pulp Fiction - Quentin Tarantino
6) Quem quer ser um milionário? - Danny Boyle
7) A Vida é Bela - Roberto Benigni
8) Dogville - Lars von Trier
9) A Bela da Tarde - Luis Bunuel
10) V de Vingança - James McTeigue
11) O Diabo Veste Prada - David Frankel
12) Closer - Perto Demais - Mike Nichols

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ou a mulher não existe, ou ela é uma fantasia criada pelo masculino

A questão do feminino na psicanálise se apresentou a Freud desde o caso Dora (1905), onde ele começa a construir de que forma a mulher escolhe seu objeto amoroso. Depois, em Bate-se numa criança , texto de 1919, a gênese da perversão, ele começa a articular a posição do feminino com o masoquismo. No mesmo ano, temos Psicogênese de um caso de homossexualidade feminina, onde fala da escolha do objeto amoroso homossexual.

Para Freud, se nasce macho ou fêmea, mas torna-se homem ou mulher pelas identificações. Todo sexo é basicamente masculino e fálico e as diferenças se estabelecem pelo Édipo (a posição diante do ter ou não o falo). Ele vê o feminino como exceção ao masculino. Ser feminino é não-ser masculino.

Para Lacan, a lógica da vida amorosa é considerada de forma ainda mais complexa. Ele ultrapassou o ponto até onde Freud chegou, o falo como referência para a partilha sexual, e propõe uma outra lógica.

Lacan sugere que o amor da mulher seria erotomaníaco, termo introduzido por Clérambault: as mulheres não amam, mas desejam ser amadas. No amor erotomaníaco, a lógica do não todo predomina. A erotômana, em sua tentativa de estabelecer uma relação com o Outro absoluto, só pode situar-se na posição de produzir ela mesma, como objeto, um saber sobre o que se espera dela, ante a impossibilidade de se articular a partir do falo. Ela deseja ser amada por alguém superior, que não dá a ela qualquer importância. Como metáfora: a mulher se põe como necessariamente ser amada, a mulher se coloca estruturalmente frente ao homem na posição de ser amada pelo Outro. A mulher quer ser amada e para isso, ela veste uma máscara de toda, de fálica. Faz semblant daquilo que supõe que precisa para ser amada.

Já o amor do homem seria fetichista, mais determinado pela fantasia de recobrimento da falta do Outro, S (A). O sujeito masculino ama sua parceira “na medida em que o significante do falo a determina como sendo a que dá no amor o que ela não tem”. “O fetiche é o substituto do falo da mulher (da mãe), em cuja existência a criança pequena tinha a crença outrora e ao qual, sabemos porque não quer renunciar”

Lacan fala de forma fetichista do amor masculino porque o brilho fálico reveste a mulher como um véu, encobrindo a castração. O homem fetichiza a mulher ao preço de se eclipsar na sua fantasia.

O eixo disso é o falo.

A função da mulher é ser o falo, isto é, o que completa o homem. Ela serve para o homem negar sua castração, ou ainda, ela serve de véu para encobrir/velar sua castração . Se para Freud a mulher é um homem castrado e busca na maternidade a completude fálica, filho=pênis=falo, para o último Lacan – a partir do Seminário XX – há a especificidade do gozo feminino – um gozo exclusivo da mulher.

A teoria dos gozos é a que orienta a clínica lacaniana. A forma pela qual um sujeito, sexuado como homem ou com mulher, se coloca frente à castração e ao falo, é determinante para sua posição, masculina ou feminina. A forma pela qual o sujeito busca seu objeto amoroso. Objeto este que vem compensar a carência universal de forma parcial, compensatória para apoderar-se daquilo que Lacan chamou de “o Nome-do-Pai”.

Esse objeto outro, compensatório, que Lacan chama de “objeto a”, qualifica sempre uma alteridade, alguma coisa que está para além do sujeito desejante e que ele quer para si. Assim, quando esse “objeto a” se instala como função compensatória, tem-se de procurar sempre quem é esse “outro” que se coloca no lugar do desejo do sujeito.

Lacan começaria a pensar este conceito a partir da leitura de Luto e Melancolia de Freud. Ao se referir à pessoa que foi perdida e de quem se faz o luto, Freud escreve a palavra “objeto”, e não “pessoa”. Nota-se nesta gênese freudiana do conceito lacaniano a idéia de uma perda, de alguma coisa que não existe mais, de um fantasma do qual temos de fazer luto para nos libertarmos de sua lembrança.

O objeto desejante desenvolverá certa astúcia ao tentar aprisionar brevemente esse “objeto a” em alguma forma compensatória de satisfação, de gozo. Uma astúcia destinada a ser sempre uma compensação e que instaura apenas uma satisfação parcial, metonímica, diante do desejo. Portanto, uma relação de substituição que transformará todo “objeto a”, escolhido pelo sujeito desejante, num fantasma. E a maior fantasmagoria eleita pelo masculino será o feminino, visado como objeto de gozo total, impossível de ser completado.

Homens e mulheres realmente não são iguais na sua formação sexual, afinal, a escolha de objeto é sempre subjetiva e caso a caso, daí a relação sexual, simétrica, de completude não existir.

Por mais próxima que a mulher esteja do homem, ela é sempre invisível para ele, o que fará Lacan formar a frase: “A mulher não existe.” A mulher lhe escapa sempre. Na verdade, ela, como todo objeto de desejo, pertence à esfera desse “objeto a”, parcial, metonímico por definição, mas que consegue ancorar a pulsão do desejo por algum tempo. A mulher real e individual presente no ato sexual, representa, portanto, apenas uma possibilidade nessa série infinita que alucina o masculino.

O filme Closer – Perto Demais, do diretor Mike Nichols (do roteiro baseado na peça teatral homônima de Patrick Marber) pode ser utilizado como exemplo. Perto demais, a mulher torna-se ainda mais inexistente ao masculino.

O roteiro conta com personagens de profissões emblemáticas, que já definem o que acontecerá com o relacionamento dos amantes:

Dan é um jornalista encarregado da seção de obituários. Ele conta como os obituários são escritos para esconderem sempre a pessoa real. O que de fato as pessoas foram na vida não importa nos obituários. Mas sim, a visão edulcorada e elegante em que todos se transformam em pais amantíssimos, esposos fiéis e profissionais competentes, mesmo que tenham sido o oposto disso tudo. Ou seja, nem mesmo na morte, revelamos o que somos de fato. O falso obituário dos jornais incumbe-se de manter o distanciamento necessário da pessoa real. O obituário, que deveria revelar finalmente a pessoa, a mantém, agora, definitivamente distante.

Anna, por sua vez, é fotógrafa especializada em retratos de desconhecidos que ela retrata em grandes closes. Rostos anônimos, mas ela os exibe em grande proximidade, em grandes ampliações. Mesmo com tal exposição ampliada, eles continuam desconhecidos. É uma falsa aproximação. Rostos próximos demais. Tão desconhecidos quanto os das mulheres quando elas se apresentam para os homens que pensam que as vêm por inteiro e acreditam que elas são o que estão vendo.

Larry é medico dermatologista. Perto demais do corpo das pessoas. Próximo da pele. Mas nunca além. O dermatologista se detém na epiderme das pessoas, nunca ultrapassando o limite externo do corpo. Nunca penetrando realmente no âmago do paciente. Sempre na epiderme, nesta exterioridade que nos delimita do interior. Assim será também em seus relacionamentos com o feminino. Nunca indo além da sexualidade explícita. Não é à toa que será ele quem exigirá tudo da stripper. Visão total. Mesmo assim, ele não conseguirá ir além da epiderme ginecológica da mulher.

Jane, por sua vez, é a stripper que se dá totalmente ao olhar masculino. Olhar que nunca consegue ir além do seu corpo em exibição, da sua epiderme. Pertos demais do seu corpo nu, os olhares masculinos estão sempre longe demais dela como mulher. Ela é a que encerra, em sua profissão, o paradoxo dessas relações íntimas que estão sempre à distância. Ela é um “objeto a” por excelência, pois oferece seu corpo como objeto parcial de um desejo nunca realizado.

Jane, desde seu primeiro encontro com Dan, usa um nome falso – Alice Ayres. O relacionamento dos dois já começa com uma Alice que não existe. A primeira frase que ela diz a Dan é: Hello, stranger! (Olá, estranho!).

A cena em que os dos dois homens acessam a internet, numa dessas salas de encontro, e um deles finge ser uma mulher. O namoro virtual logo descamba para uma espécie de sexo virtual. O que mostra que para o homem basta que ele tenha um projeção de mulher em sua mente para que tudo funcione e a relação sexual se faça.

Afinal, tudo não passa mesmo de uma fantasmagoria masculina.

Talvez, a cena em que mais se revele essa fissura entre homem e mulher seja a do clube noturno onde Alice/Jane faz strip-tease.

Essa mulher que se despe completamente para os olhares de estranhos que estariam tão próximos dela, quando se estaria no momento de aproximação máxima, é justamente quando ela fica mais distante, num simulacro inatingível de desejo e de fantasia.

No clube, Larry, pede para vê-la totalmente nua e ainda paga para que ela exiba suas partes íntimas, da maneira mais crua. Aproximação visual máxima que não preenche seus desejos. Ele também paga para que ela lhe revele seu verdadeiro nome. Ela diz. Mas ele pensa que ela mente. Ele nunca saberá o que as mulheres são, portanto, tanto faz seu nome verdadeiro.

Nuas ou perto demais (em closes), elas são sempre invisíveis ao masculino.

Perto demais do feminino é sempre muito longe para o masculino.





terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Ele olhou para ela com olhar arrependido.
Ela olhou para ele com olhar de compaixão.
Pois ela lhe dera a liberdade. Ele a usou.
Ele odiou que ela lhe libertara, embora tenha resolvido cumprir o contrato.
Ela, de longe, testemunhou.
Duvidava que seria feliz.
Pouco importa.
Ela mantinha, passiva, sua capacidade de amar.
Amava no intransitivo, e por ser assim, poderia continuar sendo feliz.
Ela poderia seguir amando. Como Neruda.
Ele conhecia apenas Vinícius.
Ela era capaz de amar seu scoth como amava o amor de sua vida.
Era única.
Deu-lhe um beijo apaixonado.
Depois, saiu.
Queria seguir sua vida e acendeu um cigarro.
Tomou o último trago e passou pela porta.
Ele a amava como Chico, o Buarque.
Ela o amava como Elis, a Regina.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Depois de passados alguns dias, impediu-se de ver a realidade.

Disse ser demasiado doloroso pensar naquilo que desejava e não podia ter.

Mudanças soaram difíceis, embora o calor não saísse de seu corpo, por mais que estivesse brindando com um copo de whisky no Alasca.

O homem contou tudo isso, e por mais que viajasse à prazo pro inferno, um dia voltaria.

Precisou viver sua vida. Ter seus filhos. Comer o último pedaço do bolo de aniversário.

Beijou tanto aquela criança que desejou ter uma tão especial.

Isso sim poderia ser classificado como amor, pois não havia ciúmes e nem competição.

Quando o navio aportou no Alasca percebeu que a vela que tanto tentou apagar se tornara fogueira, embora sua vaidade  impedisse de assumir para si que precisava mais do que suspeitara.

A paixão voltou a fazer falta em sua vida.

A paixão estava consumindo suas vísceras e não conseguia fugir disso. Mesmo no Alasca.

Mas por enquanto não tinha forças para voltar.

Nem para dizer palavra.

Procurou desviar dos icebergs e em sua cabeça, a lembrança da noite derradeira era tão devastadora quanto a baleia que insistia em brincar com o barco.

Sentiu-se claudicante por negar-se.

Por negar o mais verdadeiro e pulsante em si.

Não imaginou o quanto seu silêncio era devastador.

O quanto apunhalava um coração, golpe a golpe.

Estava no Alasca embora seu sangue implorasse por terras mais quentes. Cálidas.

Precisava sucumbir seu coração ao frio.

Acreditar que comparado à Vinicius, aquilo que sentira fora mais-amor.

Fez um rápido cálculo matemático e percebeu que o futuro estava próximo do presente, e que as palavras do homem em breve se concretizariam.

Estaria no café combinado, às 17 horas, em Marrakesh.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Novela também é denso... rs

Tudo na vida passa, porém algumas coisas marcam...
E essas que marcam não podemos simplesmente deixarem passar como se nada tivesse acontecido.
É possível provocar um afastamento dos corpos, todavia as almas não se afastem jamais.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sobre os desejos para 2010

- ler pelo menos um livro por mês
- encontrar mais as pessoas que pouco vi em 2009
- trabalhar como se fosse um hobby
- fazer aulas de canto
- fazer aulas de dança
- inserir novamente a magia na vida
- tomar menos coca, ainda que light ou zero
- emagrecer
- continuar o caminho que venho trilhando desde o final de 2008
- dar menos importâcia ao passado, viver o presente intensamente e não fazer projetos sólidos demais para o fututo
- começar de uma vez por todas a ticckar a lista de filmes que quero assistir

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010




Nunca gostou de livros meramente descritivos.

Dizia que eram chatos e que era pura perda de tempo se prender a detalhes que pouco importavam no final das contas, uma vez que história é história.

Levantou-se com uma leve irritação. Mal humor presente.

Lembrou de alguns anos passados, e trouxe os mesmos sorrisos para o presente.

Havia uma música de batidas constantes, com um triângulo batendo no fundo.

Dançou, mesmo sem saber dançar.

Lembrou dos olhos, do sabor de uma dose de whisky cujo gelo já havia derretido, do braço envolvendo a cintura. Do perfume amadeirado que exalava de sua pele,

Dos gestos canhotos que a faziam rodopiar.
Sentira as descobertas do que no futuro fariam suas bases tremerem.

Fora tudo muito leve e muito intenso. As trocas, os sorrisos, as garfadas. Tudo havia se congelado no tempo.

A imagem das pernas cruzadas de forma tão masculina.

O jeito de mexer em seus cabelos, de assoprar em seu ouvido esquerdo.

O jantar estava pronto, porém não foi servido. Estava aguardando as garrafas de vinho tinto se esvaziarem e num momento posterior, os corpos se encherem. De prazer finito.

Era uma despedida. Nunca um adeus.

Sabe-se lá quando essas cenas se tornariam reais. Eram quase oníricas.

Feliz. Demasiada e obcenamente feliz.

O dia amanheceu e com ele as memórias foram guardadas dentro da caixa musicada.

E dia após dia, o que não fora guardado, fora escrito em metáforas.

E o que não foi escrito, foi dito. Entre um chopp e outro, numa esquina que poderia ser uma qualquer, não fosse sua presença.

Seus olhos rodopiaram, e recebeu cada palavra com uma dignidade de poucos. Sim, foi capaz de reconhecer verdade em cada uma delas, e admitiu que já percebera o sentido de tudo aquilo em uma outra ocasião.

Ainda que naquele momento não estivessem prontos, acendeu um cigarro e olhou com uma certa malícia de quem se sente pouco à vontade.

Tomou o último gole, sozinho no fundo do copo, e pediu a nota. Ao chegar no carro, abriu a porta, fez um curto caminho (por que o caminho não poderia ser mais longo?), e despediu-se novamente.

Não era um adeus. Era uma despedida.

Aquela noite foi decisiva. A partir de então pudera ter certeza entre o moral e o profano.

E já havia tomado sua decisão, ainda que os outros a desconhecesse.

Nunca mais pôde evitar dialogar aos 4 ventos, falando consigo, fingindo ter alguém tão próximo.

Havia a barreira da realidade. Aliás, haviam duas realidades, e só foi esse fato que impediu a completa insensatez de sua conduta.

Não sem sanidade, apenas descobrira como não evitar o que era vida.

Logo depois, foi atendida e recebeu alta.

Conhecia mais de si que qualquer um. Nunca mais ignoraria aquelas duras lições de amor, de afeto, de bondade, ainda que se machucasse.

Ainda que para isso precisasse contar à pessoa de quem nunca mais tivera notícia que ela fora traída.
Não por vingança. Por puro desejo de limpar sua trajetória e poder começar do zero.

Sentia tanta falta da família e foi incapaz de fazer aquele telefonema.

Teria que pedir por mais lâminas para analisar sua essência, mas agora estava por conta própria.

E saiu radiante com sua mais nova conquista: a identidade.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Entre analisar o tempo e me fazer cientista de minha história,
Descobri coisas maravilhosas que são causas de meus piores pesadelos.
Não sinto mais a ansiedade de outrora, pois descobri meu tempo, meu lugar, meu estilo.
Sou assim mesmo, afirmo e nego os desejos mais intrínsecos.
Quero minh´alma pulsando ritmicamente em sua respiração.
Quero o choro calado da emoção que me impede de dizer o quanto sinto.
Desejo ao longo das 4 estações. Desde já, do recém inaugurado ano NOVO.
Quero florir teu riso e gelar teu pranto.
Aquecendo sua paixão, não importa o quanto tempo o tempo dure.
Sim, eu posso sentir sua entrega quando você a faz. No olhar... no beijo... num simples afago.
Quero te agradecer!
Agradeço tanto sua contribuição por estar tão perto do que eu sou!
Por estar aqui comigo, mesmo em suas ausências...
Porque você rouba alguns de meus mais sublimes sorrisos...