terça-feira, 5 de outubro de 2010

E num momento de ociosidade completa descobriu que era justamente por ele ser comum que o tornava tão raro.
O copo americano sobre a mesa.
As havaianas.
A camiseta discreta. Aros impercptíveis.
Mente aguçada. Provocativa. Desejante.

Acordou trêmula.

Eram muitas ruínas desconhecidas para desbravar.
A cúpula dourada ainda reluzia em suas memórias.
A cidade toda branca e terracota.
Fez o sinal da cruz e lentamente se pôs a rezar em hebraico.
Ela era a vela que aos poucos derretia, era o próprio Cristo crucificado.
Estava norteada pra Meca.
Pela Marca na pele que não expunha nenhuma tatuagem, nenhum ideograma.

A tela pousava em branco na sua frente.
Inócua. Vazia. Calada.
Não conseguia ler a palavra que traduzia o texto, e ainda assim reconheceu o Deus em aramaico.
Produzia imagens em sua mente e irritou-se por não poder fotografá-las.
Descrever não bastou.

Decobriu que o maior segredo era aquele que gostaria de compartilhar embora não conseguisse expressar.
Sabia que não existia palavra para nomear aquele buraco (lacuna).
Lembrou do professor de geometria do colégio e também do de química quântica.
Pensou nos números irracionais, e se sentiu como um elemento fora da tabela periódica.

Qualquer lugar do mundo seria bem vindo se pudesse extornar a última operação.
Conquanto pudesse começar do zero.

Quando o alarme soou, já se encontrava bem desperta.

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