terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Depois de passados alguns dias, impediu-se de ver a realidade.

Disse ser demasiado doloroso pensar naquilo que desejava e não podia ter.

Mudanças soaram difíceis, embora o calor não saísse de seu corpo, por mais que estivesse brindando com um copo de whisky no Alasca.

O homem contou tudo isso, e por mais que viajasse à prazo pro inferno, um dia voltaria.

Precisou viver sua vida. Ter seus filhos. Comer o último pedaço do bolo de aniversário.

Beijou tanto aquela criança que desejou ter uma tão especial.

Isso sim poderia ser classificado como amor, pois não havia ciúmes e nem competição.

Quando o navio aportou no Alasca percebeu que a vela que tanto tentou apagar se tornara fogueira, embora sua vaidade  impedisse de assumir para si que precisava mais do que suspeitara.

A paixão voltou a fazer falta em sua vida.

A paixão estava consumindo suas vísceras e não conseguia fugir disso. Mesmo no Alasca.

Mas por enquanto não tinha forças para voltar.

Nem para dizer palavra.

Procurou desviar dos icebergs e em sua cabeça, a lembrança da noite derradeira era tão devastadora quanto a baleia que insistia em brincar com o barco.

Sentiu-se claudicante por negar-se.

Por negar o mais verdadeiro e pulsante em si.

Não imaginou o quanto seu silêncio era devastador.

O quanto apunhalava um coração, golpe a golpe.

Estava no Alasca embora seu sangue implorasse por terras mais quentes. Cálidas.

Precisava sucumbir seu coração ao frio.

Acreditar que comparado à Vinicius, aquilo que sentira fora mais-amor.

Fez um rápido cálculo matemático e percebeu que o futuro estava próximo do presente, e que as palavras do homem em breve se concretizariam.

Estaria no café combinado, às 17 horas, em Marrakesh.


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