Depois de passados alguns dias, impediu-se de ver a realidade.
Disse ser demasiado doloroso pensar naquilo que desejava e não podia ter.
Mudanças soaram difíceis, embora o calor não saísse de seu corpo, por mais que estivesse brindando com um copo de whisky no Alasca.
O homem contou tudo isso, e por mais que viajasse à prazo pro inferno, um dia voltaria.
Precisou viver sua vida. Ter seus filhos. Comer o último pedaço do bolo de aniversário.
Beijou tanto aquela criança que desejou ter uma tão especial.
Isso sim poderia ser classificado como amor, pois não havia ciúmes e nem competição.
Quando o navio aportou no Alasca percebeu que a vela que tanto tentou apagar se tornara fogueira, embora sua vaidade impedisse de assumir para si que precisava mais do que suspeitara.
A paixão voltou a fazer falta em sua vida.
A paixão estava consumindo suas vísceras e não conseguia fugir disso. Mesmo no Alasca.
Mas por enquanto não tinha forças para voltar.
Nem para dizer palavra.
Procurou desviar dos icebergs e em sua cabeça, a lembrança da noite derradeira era tão devastadora quanto a baleia que insistia em brincar com o barco.
Sentiu-se claudicante por negar-se.
Por negar o mais verdadeiro e pulsante em si.
Não imaginou o quanto seu silêncio era devastador.
O quanto apunhalava um coração, golpe a golpe.
Estava no Alasca embora seu sangue implorasse por terras mais quentes. Cálidas.
Precisava sucumbir seu coração ao frio.
Acreditar que comparado à Vinicius, aquilo que sentira fora mais-amor.
Fez um rápido cálculo matemático e percebeu que o futuro estava próximo do presente, e que as palavras do homem em breve se concretizariam.
Estaria no café combinado, às 17 horas, em Marrakesh.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
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