quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ouviu o telefone tocar e sentiu estranheza ao observar no visor o número de procedência.
Já chorara tanto por aquele número.
Já questionara muito se era necessário que ela fosse ainda melhor para aquele número aparecer novamente.
Julgara ser necessário mudar de peso, de cabelo, de religião.
Sua profissão era intactável.

Ela atendeu com uma voz fria e distante e percebeu que não funcionaria.
Perguntou dos filhos e da família - que desejara ser um dia sua agregada.
Se interessou pela bolsa de valores, pela medicina ortomolecular.

Percebeu que na vida, conforme o caminho do louco uma vez lhe ensinara, tudo obedecia ao circuito da roda da fortuna.
Movimentos ascendentes e descendentes, sem saber se são horários ou anti-horários.
Isso lhe trouxe uma calma sem limites.
Ela era um mar sem tormentas.
Ela era o céu sem trovões.

A música de roda, os homens abraçados.
A janela entreaberta pelas cortinas rendadas.
Jerusalém era onde econtrava o seu mais íntimo revelado, onde seu nome traduzia mais de um sentido.
Era a matriarca e a filha prometida. A amante e amada.

Anoiteceu e o encanto dele perdera a força. A magia.
Poderia sorrir novamente e desta vez não precisaria visitar Atenas.

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