sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Tough


Adoraria pensar no brilho dourado de certa chama que não se apaga.
Na palavra escarrada que tira o peso de quem pronuncia e de quem a evita ouvir.
No som celeste d´uma madrugada calada, que acolhe dois amantes perdidos em esturpor.
Na renda tecida de meu próprio sangue, que outrora correra amor.
No átomo que um dia foi vida e hoje é vazio, ou talvez nada.
No perfume do asfalto que a chuva varreu.
Na sombra do homem que um dia deixarei de sonhar.
Na brasa faiscante daquele amor que um dia vi em teus olhos.
Na metade da taça de um vinho que se evaporou.
E deixou resquícios.
Amargos.
Salgado, da lágrima que não rolou.

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